Transtorno da Personalidade Borderline
Diagnóstico
O indivíduo com transtorno da personalidade borderline geralmente apresenta um padrão repetitivo de desorganização e instabilidade em sua personalidade, humor, comportamento e nos relacionamentos pessoais mais próximos. Este tipo de transtorno pode causar embaraços e prejuízos nas relações sociais e profissionais. De um modo geral, os borderlines são pessoas que se mostram, a um primeiro momento, brilhantes, inteligentes, simpáticas, cativantes e competentes. E podem continuar causando essa impressão por muitos anos, até que sua estrutura defensiva caia por terra, o que provavelmente vai ocorrer em uma situação de forte estresse, como por exemplo: na ruptura de um relacionamento afetivo ou diante da morte de parentes e amigos próximos.
Sintomas
Seus relacionamentos costumam ser intensos e movimentados, mas também intempestivos e instáveis, ocorrendo visíveis alterações emocionais e dificuldade em manter ligações mais íntimas e estreitas. O borderline gosta de manipular as pessoas e usualmente tem problemas em confiar nos outros. Apresenta acentuada instabilidade emocional, com freqüentes oscilações para o estado depressivo, onde experimenta a sensação de vazio e solidão, ou para o estado de ansiedade e irritabilidade. O comportamento pode se mostrar impulsivo e imprevisível, envolvendo gastos excessivos, promiscuidade, compulsão por jogos, abuso de drogas e álcool, furtos eventuais, compulsão alimentar ou atitudes fisicamente auto-destrutivas, como ameaças de suicídio. É comum, nesses indivíduos, observar acessos de fúria injustificáveis ou atitudes coléricas, bem como introspecção e ressentimentos constantes, sentimentos de privação, descontrole ou medo de perder o controle sobre a força de seus impulsos. São comuns também as crises de identidade, onde o indivíduo questiona a si mesmo, sua sexualidade, objetivos, valores, escolhas profissionais e relacionamentos. Muitas vezes sente-se profundamente inútil, insatisfeito, destrutivo ou nocivo, com tendências extremistas em seu modo de pensar, sentir ou agir.
Sob pressão intensa ou nos casos mais severos, podem ocorrer alguns episódios psicóticos, onde a perda de contato com a realidade leva o borderline a ter comportamentos e sintomas estranhos. Mesmo nos estágios mais brandos do transtorno, é comum ocorrer rupturas em seus relacionamentos e em sua vida profissional. A depressão que acompanha esse distúrbio pode causar muito sofrimento, levando inclusive a tentativas de suicídio, se não forem tomadas as devidas precauções.
Etiologia
O transtorno da personalidade borderline é um problema comum que, segundo estimativas, afeta em torno de 10-14% da população global. A incidência em mulheres é duas ou três vezes maior do que nos homens, o que pode estar relacionado a influências genéticas ou hormonais. É de se considerar que haja uma associação entre este transtorno com os quadros intensos de tensão pré-menstrual. Além disso, as mulheres geralmente sofrem de depressão com mais freqüência do que os homens. Essa maior incidência de transtorno da personalidade borderline entre mulheres também pode ser conseqüência de experiências incestuosas durante a infância. Acredita-se que a incidência desse tipo de evento é dez vezes maior entre as mulheres do que entre os homens, atingindo ¼ da população feminina, segundo estimativas. Esse tipo de agressão, crônica ou periódica, poderá mais tarde resultar em relacionamentos conturbados e desconfiança do sexo oposto, além de uma excessiva preocupação com a sexualidade, promiscuidade, inibição, depressão profunda e danos à própria imagem. Quando há uma predisposição congênita para este distúrbio, pode haver conflitos no decorrer da relação mãe e filho/a, particularmente quando a criança começa a formar sua identidade.
Tratamento
O tratamento prevê sessões de psicoterapia, que permitam ao paciente falar sobre suas atuais dificuldades e sobre suas experiências passadas, na presença de um terapeuta de sua confiança, que seja imparcial e bem aceito por ele. A terapia deve ser bem estruturada, consistente e regular, sempre estimulando o paciente a falar sobre seus sentimentos, ao invés de descarregar suas emoções nas ações auto-destrutivas. Medicamentos como anti-depressivos, carbonato de lítio ou anti-psicóticos às vezes são aconselháveis para certos pacientes ou durante certas fases de seu tratamento.Qualquer tipo de problema ligado ao abuso de álcool ou de drogas deve ser obrigatoriamente tratado com a continuidade da terapia. Em alguns casos pode ser necessária uma internação de curto prazo durante os episódios de estresse agudo ou diante da ameaça de suicídio ou outro tipo de ação auto-destrutiva. A hospitalização pode fornecer um afastamento temporário do estresse provocado pelo ambiente externo. Nestes casos agudos, o tratamento em pacientes não-hospitalizados torna-se geralmente mais difícil e demorado, podendo durar anos. O objetivo do tratamento deve focar o aumento da conscientização do indivíduo, com maior controle sobre sua impulsividade e uma maior estabilidade em seus relacionamentos. Um dos resultados positivos mais freqüentes da terapia é o aumento da tolerância em relação à ansiedade do paciente. O tratamento psicoterápico também pode ajudar a aliviar os sintomas psicóticos ou de perturbação do humor, contribuindo para o equilíbrio da personalidade. Com uma maior conscientização do problema e uma maior capacidade de auto-avaliação e reflexão, espera-se que o paciente seja capaz de interferir na rigidez dos padrões instaurados anteriormente em sua vida e evitar que eles se repitam nas próximas gerações.
Autor: Richard J. Corelli, M.D.
tradução: M.Cardoso
O indivíduo com transtorno da personalidade borderline geralmente apresenta um padrão repetitivo de desorganização e instabilidade em sua personalidade, humor, comportamento e nos relacionamentos pessoais mais próximos. Este tipo de transtorno pode causar embaraços e prejuízos nas relações sociais e profissionais. De um modo geral, os borderlines são pessoas que se mostram, a um primeiro momento, brilhantes, inteligentes, simpáticas, cativantes e competentes. E podem continuar causando essa impressão por muitos anos, até que sua estrutura defensiva caia por terra, o que provavelmente vai ocorrer em uma situação de forte estresse, como por exemplo: na ruptura de um relacionamento afetivo ou diante da morte de parentes e amigos próximos.
Sintomas
Seus relacionamentos costumam ser intensos e movimentados, mas também intempestivos e instáveis, ocorrendo visíveis alterações emocionais e dificuldade em manter ligações mais íntimas e estreitas. O borderline gosta de manipular as pessoas e usualmente tem problemas em confiar nos outros. Apresenta acentuada instabilidade emocional, com freqüentes oscilações para o estado depressivo, onde experimenta a sensação de vazio e solidão, ou para o estado de ansiedade e irritabilidade. O comportamento pode se mostrar impulsivo e imprevisível, envolvendo gastos excessivos, promiscuidade, compulsão por jogos, abuso de drogas e álcool, furtos eventuais, compulsão alimentar ou atitudes fisicamente auto-destrutivas, como ameaças de suicídio. É comum, nesses indivíduos, observar acessos de fúria injustificáveis ou atitudes coléricas, bem como introspecção e ressentimentos constantes, sentimentos de privação, descontrole ou medo de perder o controle sobre a força de seus impulsos. São comuns também as crises de identidade, onde o indivíduo questiona a si mesmo, sua sexualidade, objetivos, valores, escolhas profissionais e relacionamentos. Muitas vezes sente-se profundamente inútil, insatisfeito, destrutivo ou nocivo, com tendências extremistas em seu modo de pensar, sentir ou agir.
Sob pressão intensa ou nos casos mais severos, podem ocorrer alguns episódios psicóticos, onde a perda de contato com a realidade leva o borderline a ter comportamentos e sintomas estranhos. Mesmo nos estágios mais brandos do transtorno, é comum ocorrer rupturas em seus relacionamentos e em sua vida profissional. A depressão que acompanha esse distúrbio pode causar muito sofrimento, levando inclusive a tentativas de suicídio, se não forem tomadas as devidas precauções.
Etiologia
O transtorno da personalidade borderline é um problema comum que, segundo estimativas, afeta em torno de 10-14% da população global. A incidência em mulheres é duas ou três vezes maior do que nos homens, o que pode estar relacionado a influências genéticas ou hormonais. É de se considerar que haja uma associação entre este transtorno com os quadros intensos de tensão pré-menstrual. Além disso, as mulheres geralmente sofrem de depressão com mais freqüência do que os homens. Essa maior incidência de transtorno da personalidade borderline entre mulheres também pode ser conseqüência de experiências incestuosas durante a infância. Acredita-se que a incidência desse tipo de evento é dez vezes maior entre as mulheres do que entre os homens, atingindo ¼ da população feminina, segundo estimativas. Esse tipo de agressão, crônica ou periódica, poderá mais tarde resultar em relacionamentos conturbados e desconfiança do sexo oposto, além de uma excessiva preocupação com a sexualidade, promiscuidade, inibição, depressão profunda e danos à própria imagem. Quando há uma predisposição congênita para este distúrbio, pode haver conflitos no decorrer da relação mãe e filho/a, particularmente quando a criança começa a formar sua identidade.
Tratamento
O tratamento prevê sessões de psicoterapia, que permitam ao paciente falar sobre suas atuais dificuldades e sobre suas experiências passadas, na presença de um terapeuta de sua confiança, que seja imparcial e bem aceito por ele. A terapia deve ser bem estruturada, consistente e regular, sempre estimulando o paciente a falar sobre seus sentimentos, ao invés de descarregar suas emoções nas ações auto-destrutivas. Medicamentos como anti-depressivos, carbonato de lítio ou anti-psicóticos às vezes são aconselháveis para certos pacientes ou durante certas fases de seu tratamento.Qualquer tipo de problema ligado ao abuso de álcool ou de drogas deve ser obrigatoriamente tratado com a continuidade da terapia. Em alguns casos pode ser necessária uma internação de curto prazo durante os episódios de estresse agudo ou diante da ameaça de suicídio ou outro tipo de ação auto-destrutiva. A hospitalização pode fornecer um afastamento temporário do estresse provocado pelo ambiente externo. Nestes casos agudos, o tratamento em pacientes não-hospitalizados torna-se geralmente mais difícil e demorado, podendo durar anos. O objetivo do tratamento deve focar o aumento da conscientização do indivíduo, com maior controle sobre sua impulsividade e uma maior estabilidade em seus relacionamentos. Um dos resultados positivos mais freqüentes da terapia é o aumento da tolerância em relação à ansiedade do paciente. O tratamento psicoterápico também pode ajudar a aliviar os sintomas psicóticos ou de perturbação do humor, contribuindo para o equilíbrio da personalidade. Com uma maior conscientização do problema e uma maior capacidade de auto-avaliação e reflexão, espera-se que o paciente seja capaz de interferir na rigidez dos padrões instaurados anteriormente em sua vida e evitar que eles se repitam nas próximas gerações.
Autor: Richard J. Corelli, M.D.
tradução: M.Cardoso