Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia

Artigos sobre Psicologia Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia. Dra. Fatima Cristina dos Santos Ferreira - Visite: www.cognitivocomportamental.com


www.cognitivocomportamental.com

domingo

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH

Definição de TDAH

O TDAH é um transtorno que afeta o indivíduo desde a infância. Esse transtorno compreende a existência de uma, duas ou três das seguintes características: falta de atenção, hiperatividade, impulsividade. No entanto, hoje é sabido que tais sintomas continuam na vida adulta em cerca de 60% das crianças que tiveram TDAH. Ou seja, os adultos também podem sofrer de TDAH. Ocorre que poucos deles costumam ser identificados ou tratados como “adultos com TDAH”. Nesse caso, pode haver algumas variações dos sintomas. Por exemplo, o adulto pode apresentar inquietação física ou mental, ao invés de hiperatividade. Além disso, geralmente apresentam problemas consideráveis em seu dia-a-dia, nos relacionamentos interpessoais e no ambiente profissional (ver artigo “TDAH em Adultos” na seção abaixo).

O diagnóstico de TDAH é emitido somente quando uma série de sintomas está presente antes da idade de sete anos. Além disso, as deficiências provenientes dos sintomas devem ocorrer em mais de um ambiente. Por exemplo, uma pessoa pode apresentar deficiências dentro de casa, na escola ou no trabalho. Também deve ficar claro que os sintomas interferem na capacidade de atuação do indivíduo, seja em casa, em seu meio social ou profissional.

Sintomas do TDAH

Existem três categorias diferentes de sintomas: desatenção, hiperatividade e impulsividade.

A Desatenção pode não ser perceptível até que a criança comece a conviver no ambiente escolar e com seus desafios. Nos adultos, os sintomas da desatenção podem se manifestar no trabalho e em eventos sociais.

Uma pessoa com TDAH pode apresentar alguns ou todos os sintomas abaixo:


  • Dificuldade de prestar atenção a detalhes e tendência a errar por desleixo, nas atividades escolares ou de recreação, produzindo trabalhos geralmente desorganizados ou mal feitos.
  • Distrair-se facilmente com estímulos irrelevantes e interromper as tarefas com frequência para prestar atenção a coisas ou eventos sem importância, que são geralmente ignorados pelos outros.
  • Incapacidade de manter a atenção nas tarefas ou atividades.
  • Raramente terminar exercícios, serviços ou tarefas que exijam concentração no desempenho.
  • Passar frequentemente de uma atividade a outra, sem ter terminado a primeira.
  • Protelações, ou seja, costuma deixar as obrigações para depois.
  • Desorganização na rotina de trabalho.
  • Esquecimento de atividades diárias (por ex: faltar a compromissos, esquecer o lanche, etc.)
  • Não conseguir concluir tarefas, como deveres de casa ou trabalhos escolares.
  • Mudar de assunto frequentemente, não conseguir ouvir, não conseguir acompanhar conversas e não seguir regras e condutas de atividades sociais.

Os sintomas da Hiperatividade podem se tornar aparentes em crianças ainda na fase pré-escolar e quase sempre se manifestam antes da idade de 7 anos. Esses sintomas incluem:

  • inquietação, ou agitação ao permanecer sentado;
  • levantar-se com frequência, andar ou correr pelos cantos;
  • correr ou pular excessivamente fora de hora (em adolescentes, este sintoma pode ser caracterizado como agitação);
  • dificuldade de agir serenamente ou participar de atividades de lazer mais tranquilas;
  • estar sempre em movimento;
  • falar excessivamente e com frequência.

A hiperatividade pode variar de acordo com a idade e a fase do desenvolvimento.

Crianças menores e em fase pré-escolar com TDAH tendem a permanecer constantemente em movimento, saltando sobre os móveis, e apresentam dificuldades para participar de atividades de grupo mais estáticas. Podem, por exemplo, ter problemas para ouvir uma história.

Crianças na idade escolar revelam comportamento similar, porém com menor frequência. Elas não conseguem permanecer sentadas, movimentam-se muito, mostram-se irrequietas e/ou falam excessivamente.

Em adolescentes e adultos, a hiperatividade pode se manifestar através da inquietação e da dificuldade em participar de atividades mais tranquilas, mais desaceleradas. Costumam ter também dificuldades em esperar ou aguardar por alguma atividade ou uma pessoa.

Os sintomas da Impulsividade compreendem:

  • impaciência
  • dificuldade para dar respostas longas
  • dar respostas impensadas antes mesmo que a pergunta seja finalizada
  • dificuldades para aguardar sua vez
  • interromper ou se intrometer frequentemente em assuntos alheios, a ponto de causarem problemas em ambientes sociais e profissionais
  • iniciar conversas em horas impróprias. - CONTINUA

______________

Fontes:
-
WebMD
- NetDoctor
Tradução: M. Cardoso
Revisão: Fátima Cristina Ferreira

TDAH em Adultos

Os adultos com TDAH podem ter dificuldades para obedecer instruções, memorizar informações, se concentrar, organizar tarefas ou finalizar um trabalho dentro do prazo. Se essas dificuldades não forem administradas de forma apropriada, elas podem acarretar problemas comportamentais, emocionais, vocacionais e acadêmicos.

Informações Estatísticas sobre Adultos com TDAH

  • O TDAH afeta aproximadamente de 3 a 5% das crianças em idade escolar e é estimado que 60% delas deverão manter esse transtorno na idade adulta.
  • As taxas de prevalência do TDAH em adultos não são tão claramente determinadas quanto ao que se refere às crianças, mas devem variar entre 1% a 5%.
  • O TDAH possui uma incidência mais alta em indivíduos do sexo masculino, durante a infância, mas este índice parecem ser equilibrado na idade adulta.

Problemas e Comportamentos Típicos de um Adulto com TDAH

Os seguintes comportamentos e problemas podem ser originários do TDAH ou resultantes das dificuldades de ajustamento. São eles:

  • Atrasos e esquecimentos crônicos
  • Ansiedade
  • Problemas no trabalho
  • Dificuldade de controlar a irritação
  • ImpulsividadeVício ou uso abusivo de substâncias químicas
  • Pouca capacidade de organização
  • Protelações
  • Baixa tolerância à frustração
  • Tédio crônico
  • Dificuldade de se concentrar em leituras
  • Alterações de humor
  • Depressão
  • Problemas de relacionamento

Esses comportamentos podem ser brandos ou severos, variar conforme a situação ou estar presentes o tempo todo. Alguns adultos com TDAH podem conseguir se concentrar, quando estão muito interessados ou empolgados com o que estão fazendo. Outros pode ter dificuldades para focar sua atenção em certas circunstâncias. Alguns buscam estímulos, mas outros os evitam. Além disso, adultos com TDAH podem se mostrar introspectivos e anti-sociais, ou ainda, podem ser extremamente sociáveis e não suportar a idéia de ficarem sozinhos... CONTINUA

_________________

Fontes:
-
WebMD
- NetDoctor
Tradução: M. Cardoso
Revisão: Fátima Cristina Ferreira

quarta-feira

O Transtorno do Pânico

O Transtorno do Pânico é um sério distúrbio que afeta 1 entre cada 75 indivíduos, aproximadamente. Geralmente, surge na adolescência e no começo da idade adulta. As causas exatas ainda não são claras, mas parece haver uma ligação com certas fases de transição importantes na vida do indivíduo, que são potencialmente estressantes: formaturas, casamentos, chegada do primeiro filho, entre outras. Há também algumas evidências de predisposição genética; se um membro de sua família sofre ou sofreu de transtorno do pânico, você possui um risco maior de desenvolvê-lo, especialmente durante as fases mais estressantes de sua vida.

Crises de Pânico: o Indicativo do Transtorno do Pânico

Uma crise de pânico é a manifestação súbita de um medo avassalador, que surge inesperadamente e sem razões concretas. É algo muito mais intenso do que uma grande situaçao de estresse, que muitas pessoas costumam experimentar. Os sintomas da crise de pânico incluem:

  • Batimentos cardíacos acelerados
  • Dificuldade de respirar, falta de ar
  • Sensação de terror paralisante
  • Vertigem, sensação de desmaio, náuseas
  • Tremores, sudorese, agitação
  • Sensação de asfixia, dores no peito
  • Ondas súbitas de calor ou calafrios
  • Sensação de formigamento nas mãos
  • Sensação de que vai enlouquecer ou morrer.

Provavelmente, você deve conhecer a reação típica que os seres humanos apresentam diante de uma situação de perigo: acionar mecanismos para “enfrentar ou fugir” dela. Porém, nas crises de pânico, esses sintomas parecem surgir do nada. Eles ocorrem em situações aparentemente normais, podendo acontecer, inclusive, durante o sono.

Além dos sintomas listados acima, a crise de pânico é marcada pelas seguintes características:

  • Ocorre de maneira súbita, sem aviso prévio e sem um meio de detê-la.
  • O nível do medo assume proporções muito maiores do que a situação real; na verdade, o medo aí é totalmente desconexo.
  • A crise cessa em poucos minutos, pois o corpo não consegue suportar a reação de “enfrentar ou fugir do perigo” por um tempo maior. No entanto, podem ocorrer crises sucessivas, que reincidem por horas.

Uma crise de pânico não é perigosa, mas pode ser uma experiência aterradora, sobretudo porque o indivíduo acha que está ficando “louco” e “fora de controle”. O Transtorno do Pânico é considerado preocupante por causa das crises a ele associadas, e também porque costuma acarretar outras complicações, tais como fobias, depressão, uso abusivo de drogas, complicações de saúde e até mesmo o suicídio. Suas conseqüências podem ir de um leve desconforto social a uma total incapacidade de enfrentar o mundo exterior.

Na verdade, as fobias desenvolvidas por pessoas com Transtorno do Pânico não são causadas pelo medo específico de certos objetos ou eventos, mas pelo medo de vir a sofrer uma nova crise. Neste caso, o indivíduo tenderá a evitar certas situações por achar que elas podem desencadear outra crise... CONTINUA


© 2008 American Psychological Association

Artigo original
Tradução: M. Cardoso

terça-feira

Transtorno da Personalidade Borderline (TPB)

O que é o Transtorno da Personalidade Borderline (TPB)?

Os terapeutas costumam recorrer ao “Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais” (DSM) para diagnosticar os distúrbios mentais. Foram destacados por eles nove traços que os borderlines parecem ter em comum. A presença de, no mínimo, quatro dessas características pode identificar um PB. Porém, devemos observar o seguinte:
  • Todas as pessoas podem apresentar esses traços até um certo limite. Principalmente os adolescentes. Essas características devem ser de longa duração (manifestar-se por anos) e persistentes. E também devem ser intensas.
  • É preciso um certo cuidado ao tentar diagnosticar terceiros ou a si próprio. O ideal é não fazê-lo. Os pesquisadores observam e orientam seus pacientes durante vários dias de testes, antes de emitirem um diagnóstico. Portanto: Não se auto-diagnostique com base em informações da Internet ou de literatura médica!
  • Muitos indivíduos com TB costumam apresentar também outros transtornos, como depressão, distúrbios alimentares, dependência química ou déficit de atenção. Pode não ser muito fácil distinguir entre o que é um BPD e o que pode ser algum outro distúrbio. Mais uma vez, insistimos em dizer que é preciso procurar um profissional qualificado para isto.

Definição de BPD, segundo o DSM IV:

Padrão dominante de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na auto-imagem, nos sentimentos e impulsividade marcante, que surge geralmente no início da idade adulta se manifesta dentro de diversos contextos, quando indicado por quatro (ou mais) dos itens seguintes:

1. Esforço exagerado para evitar uma situação de abandono real ou imaginário. Obs.: Não se inclui aqui o comportamento suicida ou de auto-flagelo descrito no item (5).

2. Padrão de relacionamentos interpessoais instável e intenso marcado por oscilações entre extremos de idealização e de depreciação - fenômeno conhecido como “splitting” (fragmentação).

Trancrevemos a seguir uma definição de “splitting”, extraída do livro I Hate You, Don't Leave Me, de Jerry Kreisman, M.D. , p.10, devidamente traduzida:

O mundo de um borderline, assim como o de uma criança, se divide entre heróis e vilões. Sendo emocionalmente infantil, o BP não consegue tolerar ambigüidades e inconsistências; não consegue conciliar qualidades boas ou más dentro de uma opinião constante e coerente sobre alguém. Dependendo do momento, uma determinada pessoa pode ser Deus ou o Diabo. Não há meios-termos; não há escala intermediária... as pessoas são idolatradas num dia, e totalmente desvalorizadas e descartadas no outro. Indivíduos normais podem ser ambivalentes e experimentar duas situações contraditórias a um só tempo; mas os borderlines oscilam para frente e para trás, sem a menor consciência do que sentem entre um e outro estado emocional.

Quando alguém que ele idealiza o desaponta (o que geralmente acontece, mais cedo ou mais tarde), o borderline tende a reformular drasticamente seus conceitos unidimensionais. Ou ele manda a pessoa para o inferno, banindo-a radicalmente de sua vida, ou se afasta completamente para poder preservar a imagem perfeita que construiu dela.

O “splitting” objetiva blindar o BP, protegendo-o de uma cadeia de emoções e imagens contraditórias e da ansiedade de tentar conciliar essas imagens. Porém, esse “splitting” geralmente acaba provocando o efeito contrário. As lutas internas na personalidade do BP acabam por fragmentá-lo ainda mais, e a noção de sua própria identidade e da identidade de terceiros começa a oscilar de forma mais dramática e freqüente.

3. Crise de identidade: instabilidade persistente e acentuada da auto-imagem ou da visão do Eu.

4. Impulsividade em pelo menos duas situações que sejam potencialmente auto-destrutivas (ex: gastos excessivos, sexo, uso de drogas, desatenção ao dirigir, compulsão alimentar). Obs.: Não se inclui aqui o comportamento suicida ou de auto-flagelo descrito no item (5)

5. Comportamento suicida, atitudes ou ameaças de auto-mutilação recorrentes.

6. Instabilidade emocional devido à acentuada reatividade no humor (ex: disforia episódica intensa ou ansiedade, geralmente com poucas horas de duração; raramente ultrapassando uns poucos dias) .

7. Crises crônicas de solidão.

8. Crises inadequadas e intensas de raiva ou dificuldade de controlar este sentimento (ex: mudanças freqüentes do humor, agressividade constante, agressões físicas recorrentes).

9. Ideação paranóide transitória, relacionada a estresse ou sintomas dissociativos severos.

A “dissociabilidade” é o estado em que, independente de seu grau, alguém passa a se distanciar da “realidade”, podendo ser exemplificada por situações como: viver num mundo de fantasias, executar tarefas sem se ater ao que faz (agindo de forma apressada ou automatizada), entre outras atitudes de desconexão. É o oposto da “sociabilidade” e geralmente envolve ausência de associação da identidade do indivíduo com o resto do mundo.

O BPD nunca é um distúrbio isolado; ele coexiste com outras doenças. Abaixo, listamos as mais comuns. O BPD pode coexistir com:

  • Transtorno de estresse pós-traumático
  • Transtornos do humor
  • Transtornos da ansiedade/pânico
  • Dependência química (54% dos BPs também apresentam problemas de dependência química)
  • Transtorno de identidade sexual
  • Transtorno do déficit de atenção
  • Transtornos alimentares
  • Transtorno obsessivo-compulsivo

Estatísticas sobre o BP

Os BPs compreendem:

  • 2% de toda a população
  • 10% dos pacientes externos com transtornos mentais
  • 20% dos pacientes internados na área de psiquiatria
  • 75% dos pacientes diagnosticados são mulheres

----------------------

Extraído e traduzido de:

http://www.bpdcentral.com/resources/basics/main.shtml

©2005 BPD Central — All rights reserved

Transtorno Bipolar

O Transtorno Bipolar (também conhecido como depressão maníaca) é uma doença mental tratável, marcada por alterações extremas do humor, do modo de pensar, da disposição de ânimo e do comportamento. Não é um defeito, nem sinal de fraqueza pessoal. O transtorno também é chamado de depressão maníaca porque o humor do indivíduo pode alternar-se entre as fases de mania (altos) e de depressão (baixos). Essas alterações do humor podem durar horas, dias, semanas ou meses. A doença afeta milhões de pessoas e geralmente tem início no final da adolescência, mas pode aparecer também na infância ou na maturidade. Um número equilibrado de mulheres e homens desenvolvem esta doença (os homens tendem a começar com episódios maníacos e as mulheres com episódios depressivos). Abrange todas as idades, raças, grupos étnicos e classes sociais. O Transtorno Bipolar tende a ocorrer dentro da linha familiar e parece ter vínculo genético. A exemplo da depressão e de outras doenças graves, ele também pode afetar negativamente as relações conjugais, familiares, sociais e profissionais.

Sintomas
Os transtornos bipolares diferem muito da depressão clínica, apesar da similaridade de sintomas na fase depressiva da doença. A maioria das pessoas que sofrem desse problema relatam experimentar fases de “altos e baixos” – os “altos” correspondem aos períodos da mania, os “baixos” ao da depressão. Essas mudanças podem ser severas, indo de uma extrema euforia ao mais profundo desespero. A severidade nas mudanças de humor e a forma como elas interferem nas atividades cotidianas normais é que distinguem os episódios bipolares das alterações comuns do humor em indivíduos saudáveis.

Os Sintomas da Mania - os "altos" do transtorno bipolar
  • Aumento da atividade física e mental e acúmulo de energia
  • Excesso de disposição, otimismo e autoconfiança exagerados
  • Excessiva irritabilidade, comportamento agressivo
  • Necessidade de sono diminuída, sem sensação de fadiga
  • Imaginação fértil, mania de grandeza
  • Aceleração da fala, pensamentos rápidos, dispersão de idéias
  • Impulsividade, falta de concentração, distração
  • Comportamento negligente
  • Nos casos mais graves, delírios e alucinações

Os Sintomas da Depressão - os "baixos" do transtorno bipolar

  • Melancolia prolongada ou crises de choro inexplicáveis
  • Falta de apetite e de sono
  • Irritação, raiva, preocupação, agitação, ansiedade
  • Pessimismo, apatia
  • Perda de disposição, letargia persistente
  • Sentimento de culpa e de inferioridade
  • Incapacidade de se concentrar, indecisão
  • Desinteresse pelas atividades antes praticadas, reclusão social
  • Dores e mal-estar inexplicáveis
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio

Esse tipo de transtorno não pode ser auto-diagnosticado. O diagnóstico compete a um profissional da área de saúde, devidamente treinado, que possa determinar se o indivíduo sofre ou não de Transtorno Bipolar. Muitos bipolares não procuram ajuda médica ou terapêutica nas fases da Mania por causa dos sintomas peculiares (excesso de disposição, humor exagerado, aumento da potência sexual, etc.), que exercem um impacto positivo sobre eles. No entanto, se não forem tratados, esses comportamentos podem acarretar resultados bastante nocivos. Quando não tratados, os sintomas da Mania podem levar a situacões de risco de vida ou ilícitas, pois a Mania geralmente envolve juízos de valor distorcidos e comportamentos negligentes. Os comportamentos maníacos variam de pessoa para pessoa. Todos os sintomas devem ser discutidos com o médico ou com o terapeuta.

TIPOS DE TRANSTORNOS BIPOLARES

Os padrões e a gravidade dos sintomas, ou os episódios de altos e baixos, determinam os diferentes tipos do transtorno bipolar.

Transtorno Bipolar do tipo I – é caracterizado por um ou mais episódios maníacos ou mistos (sintomas de mania e de depressão ocorrendo quase diariamente por pelo menos uma semana) e por um ou mais episódios depressivos. O Transtorno Bipolar do tipo I é a forma mais severa da doença, uma vez que é marcada por episódios maníacos intensos.

Transtorno Bipolar do tipo II - é caracterizado por um ou mais episódios depressivos, acompanhados de pelo menos um episódio hipomaníaco. Os episódios hipomaníacos apresentam sintomas similares aos dos episódios maníacos, embora sejam menos severos. O humor nos quadros hipomaníacos deve ser bem diferenciado do humor elevado dos indivíduos não-depressivos . Para alguns, os episódios hipomaníacos não chegam a ser tão graves a ponto de causar problemas nas atividades sociais ou profissionais. Mas, para outros, eles podem ser muito prejudiciais.

O Transtorno Bipolar do tipo II pode ser erroneamente diagnosticado como depressão quando o paciente e seu médico não percebem os sinais da hipomania. Em uma recente pesquisa, sete entre dez pessoas com bipolaridade foram equivocadamente diagnosticada pelo menos uma vez. Aproximadamente 60% dessas pessoas tiveram diagnóstico de depressão.

Como o paciente pode identificar a hipomania?
Ele deve conversar com seu médico ou terapeuta sobre a possibilidade da hipomania, se já experimentou fases longas de euforia, irritabilidade, e/ou:

  • Se experimenta ou experimentou sentimento atípico de autoconfiança.
  • Se sente ou sentiu menos necessidade de sono.
  • Se já se percebeu num estado de eloqüência anormal, para os seus padrões.
  • Se os pensamentos vão e voltam mais rapidamente que o usual.
  • Se costuma se distrair facilmente ou tem problemas de concentração.
  • Se no trabalho, escola ou em casa permanece muito fixado em um dado objetivo.
  • Se está ou esteve envolvido em atividades de extremo prazer ou de alto risco, como gastos excessivos ou atividades sexuais intensas.
  • Se tem ou teve a sensação de estar fazendo ou dizendo coisas que não são muito compatíveis com a sua personalidade normal.
  • Se ouviu ou ouve de outras pessoas que ele está agindo de forma estranha ou que não está sendo ele mesmo.

Ciclotimia - é caracterizada por uma flutuação crônica do humor, envolvendo fases de hipomania e de depressão. Os períodos dos sintomas depressivos e dos hipomaníacos são menores, menos severos, e não ocorrem regularmente, como no caso da bipolaridade do tipo II ou do tipo I. No entanto, essas mudanças de humor podem ser nocivas à interação social e à vida profissional. Não todas, mas muitas pessoas com ciclotimia desenvolvem uma forma mais severa de doença bipolar no futuro.

Há ainda uma forma da doença denominada “transtorno bipolar não especificado”, a qual não se enquadra nas definições acima mencionadas e merece uma abordagem à parte.

Devido à complexidade do transtorno bipolar e ao seu difícil diagnóstico, o paciente deve compartilhar todos os sintomas com um profissional de saúde de sua confiança. Se ele sentir que não está havendo melhoras com o tratamento e notar que seu médico não está disposto a tentar algo diferente, não deverá hesitar em consultar um outro profissional para uma segunda opinião.

Tratamentos

Existem vários tipos de terapias para o transtorno bipolar, e uma grande expectativa para novos tipos de tratamento, que ainda estão sendo investigadas. Como o Transtorno Bipolar pode exigir um tratamento mais trabalhoso, é altamente recomendável que o indivíduo procure um psiquiatra ou um clínico com experiência nesse tipo de doença. O tratamento geralmente inclui medicamentos conjugados com a terapia de apoio.

É fundamental que paciente relate ao terapeuta e ao clínico todos os sintomas. Deve relatar também os sintomas que ocorreram no passado, mesmo que estes não mais existam à época das consultas. Tendo em vista que a doença ocorre dentro da família, recomenda-se prestar especial atenção ao histórico familiar. É importante dizer ao profissional se na família há membros que experimentaram mudanças bruscas de humor, se já houve diagnósticos de problemas ligados ao transtorno do humor dentro da família, se já tiveram colapsos nervosos ou se submeteram a algum tipo de tratamento para combater o uso abusivo de álcool e drogas. Com um diagnóstico correto, o paciente e seu médico têm muito mais chances de encontrar a forma de tratamento ideal e o controle do problema.

(extraído e traduzido © 2005 Depression and Bipolar Support Alliance - tradução: M.Cardoso)

sábado

Distúrbios Alimentares

Para a maioria das pessoas, comer é sinônimo de prazer e bem-estar. No entanto, para pessoas que sofrem de distúrbios alimentares, comer pode significar obsessão por controle de peso.

O QUE É O DISTÚRBIO ALIMENTAR?
O distúrbio alimentar é um hábito irregular de alimentação, que apresenta características como: comer em excesso, não se alimentar o suficiente ou utilizar meios pouco saudáveis para se livrar da comida ingerida. Só nos Estados Unidos, estima-se que 8 milhões de pessoas sofrem de distúrbios alimentares – alguns mais amenos, outros fatais. Esses distúrbios geralmente encontram-se classificado em uma das seguintes categorias: Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa ou Compulsão Alimentar. O tratamento, em geral, envolve a terapia comportamental (ou terapia cognitivo-comportamental) e pode exigir o acompanhamento de um médico, um psiquiatra e/ou um nutricionista.

O QUE É A ANOREXIA NERVOSA?
A Anorexia Nervosa é um distúrbio caracterizado por grande perda de peso, provocado pelo medo de engordar, e por métodos de alimentação errados. Costuma ser considerada como um distúrbio de mulheres jovens. Aproximadamente, 90 a 95% dos casos envolvem mulheres, conforme dados da Associação Americana de Psiquiatria.


SINAIS QUE ALERTAM PARA A ANOREXIA NERVOSA:

  • Começar subitamente uma dieta, estando visivelmente abaixo do peso.
  • Continuar insatisfeita com o peso ou com a aparência do corpo, apesar de excessiva perda de peso.
  • Obsessão em relação ao peso e uso freqüente da balança.
  • Evitar certos alimentos, especialmente carboidratos, gordura, açúcar ou carnes que podem engordar.
  • Excesso de exercícios físicos.
  • Consumo abusivo de dietéticos como: refrigerantes, café, chicletes, sorvetes, etc. para saciar a fome.
  • Irregularidade no ciclo menstrual.
  • Isolamento social e ausência na hora das refeições.
  • Preocupação excessiva com os hábitos alheios e obsessão por preparar ou recomendar alimentos para outras pessoas.
  • Tendências comportamentais ritualísticas na forma de se alimentar: jejum, vegetarianismo, dieta de uma única refeição, picar alimentos em pedaços pequenos, aumentando o volume da carne no parto e ingerindo pouco.
  • Guardar ou esconder comida.
  • Problemas de atenção e concentração.
  • Pele ressecada e áspera.
  • Temperatura corporal irregular (ex: corpo está sempre frio).

O QUE É A BULIMIA NERVOSA?
A Bulimia Nervosa é quando a pessoa se entrega a um consumo exagerado de comida e tenta expurgá-la depois. Geralmente, come em grandes quantidades, sentindo-se culpada, tem necessidade de eliminar o que ingeriu, seja induzindo o vômito, tomando laxantes, exercitando-se compulsivamente ou jejuando.


SINAIS QUE ALERTAM PARA A BULIMIA NERVOSA:

  • Preocupação obsessiva com o peso.
  • Levantar-se da mesa, por várias vezes, durante as refeições, ou imediatamente após.
  • Desaparecimento inexplicável de grandes quantidades de comida, sob total negação, quando perguntada. Esses alimentos geralmente são de altos valores calóricos, como doces e carboidratos. (Hábitos alternados entre jejum e excesso de comida).
  • Consumo rápido e excessivo de alimentos, que ocorre geralmente longe das pessoas.
  • Excesso de exercícios físicos para compensar a ingestão de calorias.
  • Ingestão de medicamentos para emagrecer, laxantes ou diuréticos; queixas de prisão de ventre.
  • Uso de medicamentos ou fórmulas eméticas, como xarope de Ipecac (fitoterápico derivado da planta ipecacuanha) ou água morna com sal.
  • Inchaço do rosto (glândulas parótidas) e das glândulas salivares.
  • Aparecimento súbito de cáries dentárias (causada pela acidez estomacal que afeta o esmalte dos dentes).
  • Olhos injetados e vermelhidão pelo esforço do vômito.
  • Pequenos furtos de dinheiro para comprar comida, movida pela compulsão.
  • Outros quadros de vício/compulsão (ex: álcool, cocaína, etc.)

O QUE É A COMPULSÃO ALIMENTAR?
A exemplo dos anoréxicos e dos bulímicos, as pessoas com este problema são vítimas de um comportamento compulsivo. São os que comem compulsivamente, seja de uma só uma vez, ou em quantidades menores por horas. Essas pessoas geralmente estão bem acima do peso normal ou são obesas, e costumam não comer muito na frente dos outros, para esconder seu comportamento irregular. Diferentemente dos bulímicos, no entanto, os compulsivos alimentares não compensam o excesso de ingestão de comida através do expurgo.

SINAIS QUE ALERTAM PARA A COMPULSÃO ALIMENTAR:

  • Comer demais regularmente ou beliscar ou ingerir pequenas quantidades de comida por um longo período de tempo.
  • Tentar esconder das pessoas a vontade de comer demais.
  • Aparência obesa ou acima do peso.
  • Várias tentativas frustradas de fazer dieta.
  • Comer demais e com freqüência em situações de estresse.
  • Comer inicialmente para se sentir melhor, sentindo-se muito pior depois.

OS DISTÚRBIOS ALIMENTARES TENDEM A GERAR SÉRIOS PROBLEMAS DE SAÚDE, QUE PODEM IMPLICAR, INCLUSIVE, RISCO DE VIDA.

As vítimas do distúrbio alimentar podem desenvolver sérios problemas de saúde, incluindo distúrbios cardíacos, renais e hepáticos, além de úlceras intestinais, lesões estomacais, rompimento do esôfago, desidratação, erosão dos dentes e da gengiva e desequilíbrio eletrolítico. O resultado pode ser uma deterioração crônica do corpo e até mesmo a morte.

TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS ALIMENTARES:
Os distúrbios alimentares surgem a partir de problemas psicológicos causados por imposições culturais e por pressões sociais, juntamente com perda de auto-estima.
Os métodos da Terapia Cognitivo-Comportamental em sessões psicoterápicas individuais é muito recomendado para esse tipo de desordem. A Literatura tem mostrado que este parece ser o tipo de tratamento mais eficaz.

Geralmente o profissional avalia inicialmente o paciente, para ver que nível de tratamento será necessário e para elaborar com ele o plano de tratamento. Este plano pode ser feito em conjunto com um médico, podendo também incluir um nutricionista e de um psiquiatra, para possíveis usos de medicamentos, dependendo do caso. Os anti-depressivos costumam ajudar muito em todos os tipos de distúrbio alimentar, mas é o cliente que deve decidir se ele prefere usar o medicamento como parte do tratamento.

Após traçar um plano de tratamento, a rotina usual é encontrar o paciente uma vez por semana, pelo menos, e, nessas sessões, discutir sobre o que ele pensa, acredita e sente em relação a comida, comportamento alimentar e controle de peso. Também é importante ajudar o paciente a desenvolver uma maior assertividade e incentivá-lo a aumentar sua auto-estima.

domingo

TOC - Transtorno Obsessivo-Compulsivo

1. Definição

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), um dos distúrbios da ansiedade, é um quadro potecialmente destrutivo que pode persistir ao longo de toda uma vida. O indivíduo que sofre de TOC apresenta um padrão repetitivo de pensamentos e comportamentos, desprovidos de sentido, altamente perturbadores, e muito difíceis de superar. O grau da doença pode variar de brando a severo, e quando o quadro severo não é tratado, o distúrbio pode incapacitar o paciente para as atividades profissionais, escolares e até mesmo domésticas.

Por muitos anos, os profissionais de saúde mental viam o TOC como uma doença rara, tendo em vista que apenas uma pequena minoria de seus pacientes apresentava este quadro. O transtorno muitas vezes não era reconhecido porque várias vítimas do TOC, na tentativa de manter a repetitividade de seus pensamentos e comportamentos em segredo, evitavam buscar ajuda terapêutica. Isto levou os pesquisadores a subestimar o número de pessoas que sofriam da doença. No entanto, uma pesquisa realizada no começo dos anos 80 pelo National Institute of Mental Health (NIMH) - órgão federal americano que patrocina pesquisas sobre temas ligados ao cérebro, doenças mentais e saúde mental no mundo inteiro - forneceu uma nova visão da prevalência do TOC. A pesquisa do NIMH mostrou que o transtorno afeta mais de 2% da população, e isto significa que o TOC é muito mais comum do que outras doenças mentais, tais como esquizofrenia, transtorno bipolar ou síndrome do pânico. O TOC atinge pessoas de todos os grupos étnicos. Homens e mulheres são igualmente afetados. Os custos sociais e financeiros do TOC foram estimados em U$ 8,4 bilhões em 1990.

Apesar dos sintomas do TOC começarem basicamente na adolescência ou no começo da idade adulta, estudos recentes mostram que algumas crianças desenvolvem a doença muito cedo, algumas até em idade pré-escolar. Pesquisas indicam que pelo menos um terço dos casos de TOC em adultos tiveram origem na infância. O TOC nos primeiros estágios do desenvolvimento infantil pode causar sérios problemas a uma criança. É importante que a criança seja examinada e tratada por um clínico e/ou terapeuta confiável para evitar que ela venha a perder importantes oportunidades na vida por causa do transtorno.

2. Os Sintomas

3. As Causas

4. O Tratamento


Copyright © 1991-2004 Sussex Publishers. All rights reserved.
artigo extraído e traduzido de:
www.medicinanet.com
tradução: M.Cardoso
-------------------------------------------------------

quinta-feira

Transtorno da Personalidade Borderline

Diagnóstico
O indivíduo com transtorno da personalidade borderline geralmente apresenta um padrão repetitivo de desorganização e instabilidade em sua personalidade, humor, comportamento e nos relacionamentos pessoais mais próximos. Este tipo de transtorno pode causar embaraços e prejuízos nas relações sociais e profissionais. De um modo geral, os borderlines são pessoas que se mostram, a um primeiro momento, brilhantes, inteligentes, simpáticas, cativantes e competentes. E podem continuar causando essa impressão por muitos anos, até que sua estrutura defensiva caia por terra, o que provavelmente vai ocorrer em uma situação de forte estresse, como por exemplo: na ruptura de um relacionamento afetivo ou diante da morte de parentes e amigos próximos.

Sintomas
Seus relacionamentos costumam ser intensos e movimentados, mas também intempestivos e instáveis, ocorrendo visíveis alterações emocionais e dificuldade em manter ligações mais íntimas e estreitas. O borderline gosta de manipular as pessoas e usualmente tem problemas em confiar nos outros. Apresenta acentuada instabilidade emocional, com freqüentes oscilações para o estado depressivo, onde experimenta a sensação de vazio e solidão, ou para o estado de ansiedade e irritabilidade. O comportamento pode se mostrar impulsivo e imprevisível, envolvendo gastos excessivos, promiscuidade, compulsão por jogos, abuso de drogas e álcool, furtos eventuais, compulsão alimentar ou atitudes fisicamente auto-destrutivas, como ameaças de suicídio. É comum, nesses indivíduos, observar acessos de fúria injustificáveis ou atitudes coléricas, bem como introspecção e ressentimentos constantes, sentimentos de privação, descontrole ou medo de perder o controle sobre a força de seus impulsos. São comuns também as crises de identidade, onde o indivíduo questiona a si mesmo, sua sexualidade, objetivos, valores, escolhas profissionais e relacionamentos. Muitas vezes sente-se profundamente inútil, insatisfeito, destrutivo ou nocivo, com tendências extremistas em seu modo de pensar, sentir ou agir.

Sob pressão intensa ou nos casos mais severos, podem ocorrer alguns episódios psicóticos, onde a perda de contato com a realidade leva o borderline a ter comportamentos e sintomas estranhos. Mesmo nos estágios mais brandos do transtorno, é comum ocorrer rupturas em seus relacionamentos e em sua vida profissional. A depressão que acompanha esse distúrbio pode causar muito sofrimento, levando inclusive a tentativas de suicídio, se não forem tomadas as devidas precauções.

Etiologia
O transtorno da personalidade borderline é um problema comum que, segundo estimativas, afeta em torno de 10-14% da população global. A incidência em mulheres é duas ou três vezes maior do que nos homens, o que pode estar relacionado a influências genéticas ou hormonais. É de se considerar que haja uma associação entre este transtorno com os quadros intensos de tensão pré-menstrual. Além disso, as mulheres geralmente sofrem de depressão com mais freqüência do que os homens. Essa maior incidência de transtorno da personalidade borderline entre mulheres também pode ser conseqüência de experiências incestuosas durante a infância. Acredita-se que a incidência desse tipo de evento é dez vezes maior entre as mulheres do que entre os homens, atingindo ¼ da população feminina, segundo estimativas. Esse tipo de agressão, crônica ou periódica, poderá mais tarde resultar em relacionamentos conturbados e desconfiança do sexo oposto, além de uma excessiva preocupação com a sexualidade, promiscuidade, inibição, depressão profunda e danos à própria imagem. Quando há uma predisposição congênita para este distúrbio, pode haver conflitos no decorrer da relação mãe e filho/a, particularmente quando a criança começa a formar sua identidade.

Tratamento
O tratamento prevê sessões de psicoterapia, que permitam ao paciente falar sobre suas atuais dificuldades e sobre suas experiências passadas, na presença de um terapeuta de sua confiança, que seja imparcial e bem aceito por ele. A terapia deve ser bem estruturada, consistente e regular, sempre estimulando o paciente a falar sobre seus sentimentos, ao invés de descarregar suas emoções nas ações auto-destrutivas. Medicamentos como anti-depressivos, carbonato de lítio ou anti-psicóticos às vezes são aconselháveis para certos pacientes ou durante certas fases de seu tratamento.Qualquer tipo de problema ligado ao abuso de álcool ou de drogas deve ser obrigatoriamente tratado com a continuidade da terapia. Em alguns casos pode ser necessária uma internação de curto prazo durante os episódios de estresse agudo ou diante da ameaça de suicídio ou outro tipo de ação auto-destrutiva. A hospitalização pode fornecer um afastamento temporário do estresse provocado pelo ambiente externo. Nestes casos agudos, o tratamento em pacientes não-hospitalizados torna-se geralmente mais difícil e demorado, podendo durar anos. O objetivo do tratamento deve focar o aumento da conscientização do indivíduo, com maior controle sobre sua impulsividade e uma maior estabilidade em seus relacionamentos. Um dos resultados positivos mais freqüentes da terapia é o aumento da tolerância em relação à ansiedade do paciente. O tratamento psicoterápico também pode ajudar a aliviar os sintomas psicóticos ou de perturbação do humor, contribuindo para o equilíbrio da personalidade. Com uma maior conscientização do problema e uma maior capacidade de auto-avaliação e reflexão, espera-se que o paciente seja capaz de interferir na rigidez dos padrões instaurados anteriormente em sua vida e evitar que eles se repitam nas próximas gerações.


Autor: Richard J. Corelli, M.D.
tradução: M.Cardoso

domingo

Estudo Revela Benefícios da Terapia Cognitivo-Comportamental na Reincidência de Transtorno Afetivo Bipolar

Recaídas e reincidências são freqüentes durante o curso natural do transtorno afetivo bipolar. Geralmente a farmacoterapia é utilizada para prevenir essas recaídas, mas um número significativo de pacientes não estão protegidos por esses medicamentos. Poucos experimentos avaliam o impacto que a psicoterapia pode exercer nesses casos. Alguns estudos recentes mostraram que, através da psicoterapia, os pacientes com transtorno afetivo bipolar podem reconhecer os sinais de alerta para suas recaídas. Esses sinais podem preceder a síndrome semanas antes de sua total instauração. Portanto, uma detecção e intervenção preventiva podem tornar os sintomas mais amenos. A Terapia Cognitivo-Comportamental é usada, de modo a direcionar as habilidades do paciente para cooperar com a o transtorno bipolar e conseguir obter um melhor controle sobre seus sintomas. Lam DH et al. conduziram uma experiência randômica controlada para estudar o efeito da terapia cognitivo-comportamental na prevenção de recaídas na promoção de interação social em pacientes com transtorno afetivo bipolar.

Foram selecionados pacientes adultos com transtorno bipolar para se submeterem, ou não, à terapia cognitivo-comportamental. Todos os participantes atendiam aos critérios do Manual de Estatística e Diagnóstico de Distúrbios Mentais (4ª ed.) para o transtorno bipolar e tinham recaídas constantes, independente do uso de medicamentos estabilizadores do humor. Os pacientes com fortes sintomas residuais ou os que vivenciavam quadros agudos do distúrbio foram excluídos do estudo.

Assim, os pacientes que se enquadravam nos critérios de inclusão foram escalados aleatoriamente ou no grupo de terapia cognitiva (51 pacientes) ou no grupo de controle (52 pacientes). Os pacientes do grupo de controle receberam tratamento psiquiátrico básico, incluindo o uso de estabilizadores do humor na dosagem recomendável e acompanhamento psiquiátrico em consultório. Os pacientes escalados para a terapia cognitivo-comportamental receberam o mesmo tratamento psiquiátrico básico, além da terapia cognitiva. A terapia cognitiva incluía de 12 a 18 sessões individuais nos primeiros seis meses e duas sessões de reforço nos outros seis meses e sua indicação era para a prevenção da reincidência. Todos os participantes foram avaliados com o uso de vários questionários padronizados a cada seis meses durante o estudo.

Os pacientes do grupo de terapia cognitiva apresentaram um número significativamente menor de episódios bipolares, de dias em crise de bipolaridade e de freqüência desses episódios, quando comparados ao grupo de controle. O grupo de terapia cognitiva também apresentou menos sintomas de desequilíbrio do humor e obteve um nível de desempenho social maior do que os dos pacientes do grupo de controle. Além disso, os pacientes que receberam terapia cognitiva lidaram melhor com os sintomas maníacos e tiveram menos oscilações desses sintomas.

Os autores concluíram que a terapia cognitivo-comportamental voltada especificamente para prevenir reincidências em pacientes com transtornos bipolares reduz significativamente os sintomas e melhorar o desempenho social. A terapia cognitiva também traz resultados positivos quando combinada com a farmacoterapia. Isto é particularmente observado em pacientes com recaídas freqüentes dos sintomas bipolares.

(Autor: KARL E. MILLER, M.D. - tradução: M. Cardoso - fonte: American Family Phisycian)

quarta-feira

Síndrome da Fadiga Crônica e Terapia Cognitivo-Comportamental

A síndrome da Fadiga Crônica (SFC) é um distúrbio que causa um intenso e permanente estado de fadiga no indivíduo, interferindo assim em suas atividades cotidianas. Esse tipo de fadiga não é comum, como o resultado de um grande esforço, nem desaparece com o repouso.

Os sintomas da SFC incluem: fadiga profunda, peturbação do sono, dificuldade para se concentrar ou pensar claramente, falhas de memória, febre, dores de cabeça, dores musculares e nas articulações, garganta irritada e gânglios discretos no pescoço e nas axilas. Atividades de rotina e esforços leves provocam grande cansaço e mal-estar, que geralmente duram mais de 24 horas.

São realizados exames médicos e testes de laboratório para tratar outras causas desse tipo de sintomas. Mas não há teste para identificar a SFC, ela só poderá ser diagnosticada pelo acompanhamento de todas as outras condições do paciente.

O tratamento dessa síndrome é focado na redução gradual da fadiga e dos outros sintomas, de modo a habilitar o indivíduo a agir normalmente e, aos poucos, retornar ao seu nível de atividade anterior. O tratamento fora de consultório também é muito importante para os casos da SFC. Dietas, exercícios físicos, dormir bem e nos horários normais geralmente podem ajudar a reduzir e controlar os sintomas. Boa parte dos que sofrem de SFC acham que, com a terapia, seus sintomas vão melhorando ao longo do tempo, permitindo-lhes retornar às suas atividades normais, dentro de um período de 1 a 2 anos.

Como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode auxiliar no tratamento da SFC?

Os indivíduos com Síndrome da Fadiga Crônica que contam com boas chances de melhora são aqueles que tentam permanecer sempre ativos e os que procuram uma forma de controle para o seu problema. Um terapeuta pode ajudar muito nesse sentido. Há pacientes que pensam que toda atividade que gera fadiga agrava o problema. Há pacientes que resistem em despender energia por achar que vai ter uma recaída. Há pacientes que se convencem de que nada nem ninguém poderá ajudá-lo. Muitas pessoas que sofrem da SFC se sentem desanimadas.

Um terapeuta cognitivo-comportamental pode ajudá-las efetivamente a trabalhar sua forma de pensar e de reagir aos problemas. Com o tratamento, o paciente pode aprender a se libertar de impressões e medos equivocados sobre a SFC, que acabam contribuindo para agravar sua prostração e seu desespero. Através da Terapia Cognitivo-Comportamental, é possível aprender como controlar e relaxar a mente e o corpo, promovendo assim bem-estar, clareza de raciocínio e melhor capacidade de decisão.

terça-feira

Quando associar medicamentos à Terapia Cognitivo-Comportamental?

Atualmente, a combinação de medicamentos anti-depressivos com sessões de Terapia Cognitivo-Comportamental é considerada como um dos tratamentos mais eficazes para a maioria dos casos clínicos de depressão.

A Terapia Cognitivo-Comportamental pode ser muito promissora ao ajudar o paciente a controlar seus pensamentos, ao invés de permitir que esses pensamentos lhe controlem. Oferece valiosas técnicas e práticas para fazer o paciente observar a sua maneira de pensar e começar a reeducá-la, dando-lhe condições, portanto, de interferir numa possível tendência para pensamentos negativos e erros de interpretação, o que agrava sempre o quadro de uma depressão.

A TCC é uma prática relativamente nova no combate à depressão, mas antigos filósofos, como Sócrates e Epíteto, já documentavam, há séculos atrás, os princípios em que ela se baseia. Como Epíteto afirmou: “Não são as coisas deste mundo que nos ferem, mas nosso pensamento em relação a elas”. E hoje sua visão se tornou amplamente aceita, no que se refere à saúde mental.

A forma de conduzir o pensamento é um fator muito importante na maior parte dos distúrbios da mente, sobretudo nos casos de depressão, pânico e TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). Independentemente da causa do distúrbio, pensar e avaliar o próprio distúrbio pode causar grande impacto sobre o problema, e, por conseqüência, sobre sua recuperação. Neste ponto, a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar os pacientes a lidar efetivamente com a depressão, ocasionando expressivas mudanças em suas vidas.

Para as pessoas que sofrem de depressão profunda, a associação de medicamentos à terapia pode ser o melhor caminho. É muito difícil conduzir uma terapia e disciplinar as ações do paciente quando este se encontra profundamente deprimido. Neste caso, a medicação pode aliviar seu estado depressivo, tornando-o mais apto a utilizar as práticas e as técnicas aprendidas na terapia e dela extrair o máximo de seus benefícios.

Uma pesquisa recente revela que para os quadros de depressão moderada, a Terapia Cognitivo-Comportamental, sem uso de medicamentos, é o tratamento mais adequado. O Royal Australian College of Psychiatry também declarou recentemente que a Terapia Cognitivo-Comportamental é o tratamento preferido para distúrbios generalizados de Ansiedade.

Hoje, a maioria dos psicólogos tem conhecimento e treinamento em Terapia Cognitivo-Comportamental. O paciente deve, portanto, verificar junto a esses psicólogos se eles têm experiência razoável na área, para discutir os benefícios potenciais que a TCC pode oferecer ao seu caso. Em contrapartida, poucos médicos e psiquiatras possuem treinamento em Terapia Cognitivo-Comportamental, mas eles poderão encaminhar o paciente a terapeutas de sua confiança e vice-versa. Em geral, os médicos e psiquiatras trabalham em parceria com um psicólogo ou com terapeutas especializados em Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento de seus clientes.

Uma importante vantagem da Terapia Cognitivo-Comportamental é oferecer práticas que podem ser utilizadas ao longo do tempo, ajudando assim o paciente a evitar recaídas e a aperfeiçoar sua saúde mental e bem-estar físico.

(artigo do Dr. Timothy Sharp – extraído de http://www.depressionet.com.au/ - tradução: Marcia C.)

domingo

O que é a Neuropsicologia?

Neuropsicologia é um ramo da Psicologia cujo objetivo é compreender como a estrutura e as funções do cérebro se relacionam com determinados quadros psicológicos. Sua abordagem é científica e sua concepção sobre o processamento de informações na mente humana é partilhado também com a psicologia cognitiva e com a ciência cognitiva.

A Neuropsicologia é uma das disciplinas mais ecléticas, e muitas vezes converge para diferentes áreas, como Neurociência, Filosofia (em especial a Filosofia do Pensamento), Neurologia, Psiquiatria e Ciência da Computação (sobretudo nos assutnos ligados ao uso de redes neurais artificiais).

Na prática, os neuropsicólogos costumam trabalhar para comunidades acadêmicas (envolvendo-se em pesquisas clínicas ou genéricas), em clínicas (incluindo avaliação e tratamento de pacicentes com problemas de ordem neuropsicológica), na área jurídica (geralmente na avaliação de pessoas por determinação legal, em julgamentos, no trabalho com réus ou mesmo como testemunha especializada para dirimir dúvidas) ou industrial (como consultores, onde o conhecimento neuropsicológico é aplicado ao desenho de um produto ou na administração de pesquisa com experiências clínicas/farmacêuticas relativas a medicamentos que podem ter um impacto potencial sobre o funcionamento do organismo).

(Extraído e traduzido de http://en.wikipedia.org/wiki/Neuropsychology)

O que é a Terapia Cognitivo-Comportamental?

A Terapia Cognitivo-Comportamental tem sido utilizada com sucesso no tratamento de quadros de depressão, fobias, ansiedade e muitas outras formas de distúrbios da mente e de comportamento. Ela consiste em reconhecer modelos de pensar e de reagir que são destrutíveis e nocivos, substituindo-os por modelos mais realísticos e eficazes. Os terapeutas que adotam essa linha de tratamento acreditam que a depressão tipicamente clínica é associada (embora não seja necessariamente a causa) a pensamentos negativos e irracionais. A prática da terapia cognitiva é frequentemente combinada com medicamentos estabilizadores do humor no tratamento de distúrbios bipolares. Sua aplicação nos casos de esquizofrenia, juntamente com os medicamentos adequados e a terapia familiar é reconhecido por associações importantes como a NICE (National Institute for Health and Clinical Excellence).