Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia

Artigos sobre Psicologia Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia. Dra. Fatima Cristina dos Santos Ferreira - Visite: www.cognitivocomportamental.com


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terça-feira

Transtorno Bipolar

O Transtorno Bipolar (também conhecido como depressão maníaca) é uma doença mental tratável, marcada por alterações extremas do humor, do modo de pensar, da disposição de ânimo e do comportamento. Não é um defeito, nem sinal de fraqueza pessoal. O transtorno também é chamado de depressão maníaca porque o humor do indivíduo pode alternar-se entre as fases de mania (altos) e de depressão (baixos). Essas alterações do humor podem durar horas, dias, semanas ou meses. A doença afeta milhões de pessoas e geralmente tem início no final da adolescência, mas pode aparecer também na infância ou na maturidade. Um número equilibrado de mulheres e homens desenvolvem esta doença (os homens tendem a começar com episódios maníacos e as mulheres com episódios depressivos). Abrange todas as idades, raças, grupos étnicos e classes sociais. O Transtorno Bipolar tende a ocorrer dentro da linha familiar e parece ter vínculo genético. A exemplo da depressão e de outras doenças graves, ele também pode afetar negativamente as relações conjugais, familiares, sociais e profissionais.

Sintomas
Os transtornos bipolares diferem muito da depressão clínica, apesar da similaridade de sintomas na fase depressiva da doença. A maioria das pessoas que sofrem desse problema relatam experimentar fases de “altos e baixos” – os “altos” correspondem aos períodos da mania, os “baixos” ao da depressão. Essas mudanças podem ser severas, indo de uma extrema euforia ao mais profundo desespero. A severidade nas mudanças de humor e a forma como elas interferem nas atividades cotidianas normais é que distinguem os episódios bipolares das alterações comuns do humor em indivíduos saudáveis.

Os Sintomas da Mania - os "altos" do transtorno bipolar
  • Aumento da atividade física e mental e acúmulo de energia
  • Excesso de disposição, otimismo e autoconfiança exagerados
  • Excessiva irritabilidade, comportamento agressivo
  • Necessidade de sono diminuída, sem sensação de fadiga
  • Imaginação fértil, mania de grandeza
  • Aceleração da fala, pensamentos rápidos, dispersão de idéias
  • Impulsividade, falta de concentração, distração
  • Comportamento negligente
  • Nos casos mais graves, delírios e alucinações

Os Sintomas da Depressão - os "baixos" do transtorno bipolar

  • Melancolia prolongada ou crises de choro inexplicáveis
  • Falta de apetite e de sono
  • Irritação, raiva, preocupação, agitação, ansiedade
  • Pessimismo, apatia
  • Perda de disposição, letargia persistente
  • Sentimento de culpa e de inferioridade
  • Incapacidade de se concentrar, indecisão
  • Desinteresse pelas atividades antes praticadas, reclusão social
  • Dores e mal-estar inexplicáveis
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio

Esse tipo de transtorno não pode ser auto-diagnosticado. O diagnóstico compete a um profissional da área de saúde, devidamente treinado, que possa determinar se o indivíduo sofre ou não de Transtorno Bipolar. Muitos bipolares não procuram ajuda médica ou terapêutica nas fases da Mania por causa dos sintomas peculiares (excesso de disposição, humor exagerado, aumento da potência sexual, etc.), que exercem um impacto positivo sobre eles. No entanto, se não forem tratados, esses comportamentos podem acarretar resultados bastante nocivos. Quando não tratados, os sintomas da Mania podem levar a situacões de risco de vida ou ilícitas, pois a Mania geralmente envolve juízos de valor distorcidos e comportamentos negligentes. Os comportamentos maníacos variam de pessoa para pessoa. Todos os sintomas devem ser discutidos com o médico ou com o terapeuta.

TIPOS DE TRANSTORNOS BIPOLARES

Os padrões e a gravidade dos sintomas, ou os episódios de altos e baixos, determinam os diferentes tipos do transtorno bipolar.

Transtorno Bipolar do tipo I – é caracterizado por um ou mais episódios maníacos ou mistos (sintomas de mania e de depressão ocorrendo quase diariamente por pelo menos uma semana) e por um ou mais episódios depressivos. O Transtorno Bipolar do tipo I é a forma mais severa da doença, uma vez que é marcada por episódios maníacos intensos.

Transtorno Bipolar do tipo II - é caracterizado por um ou mais episódios depressivos, acompanhados de pelo menos um episódio hipomaníaco. Os episódios hipomaníacos apresentam sintomas similares aos dos episódios maníacos, embora sejam menos severos. O humor nos quadros hipomaníacos deve ser bem diferenciado do humor elevado dos indivíduos não-depressivos . Para alguns, os episódios hipomaníacos não chegam a ser tão graves a ponto de causar problemas nas atividades sociais ou profissionais. Mas, para outros, eles podem ser muito prejudiciais.

O Transtorno Bipolar do tipo II pode ser erroneamente diagnosticado como depressão quando o paciente e seu médico não percebem os sinais da hipomania. Em uma recente pesquisa, sete entre dez pessoas com bipolaridade foram equivocadamente diagnosticada pelo menos uma vez. Aproximadamente 60% dessas pessoas tiveram diagnóstico de depressão.

Como o paciente pode identificar a hipomania?
Ele deve conversar com seu médico ou terapeuta sobre a possibilidade da hipomania, se já experimentou fases longas de euforia, irritabilidade, e/ou:

  • Se experimenta ou experimentou sentimento atípico de autoconfiança.
  • Se sente ou sentiu menos necessidade de sono.
  • Se já se percebeu num estado de eloqüência anormal, para os seus padrões.
  • Se os pensamentos vão e voltam mais rapidamente que o usual.
  • Se costuma se distrair facilmente ou tem problemas de concentração.
  • Se no trabalho, escola ou em casa permanece muito fixado em um dado objetivo.
  • Se está ou esteve envolvido em atividades de extremo prazer ou de alto risco, como gastos excessivos ou atividades sexuais intensas.
  • Se tem ou teve a sensação de estar fazendo ou dizendo coisas que não são muito compatíveis com a sua personalidade normal.
  • Se ouviu ou ouve de outras pessoas que ele está agindo de forma estranha ou que não está sendo ele mesmo.

Ciclotimia - é caracterizada por uma flutuação crônica do humor, envolvendo fases de hipomania e de depressão. Os períodos dos sintomas depressivos e dos hipomaníacos são menores, menos severos, e não ocorrem regularmente, como no caso da bipolaridade do tipo II ou do tipo I. No entanto, essas mudanças de humor podem ser nocivas à interação social e à vida profissional. Não todas, mas muitas pessoas com ciclotimia desenvolvem uma forma mais severa de doença bipolar no futuro.

Há ainda uma forma da doença denominada “transtorno bipolar não especificado”, a qual não se enquadra nas definições acima mencionadas e merece uma abordagem à parte.

Devido à complexidade do transtorno bipolar e ao seu difícil diagnóstico, o paciente deve compartilhar todos os sintomas com um profissional de saúde de sua confiança. Se ele sentir que não está havendo melhoras com o tratamento e notar que seu médico não está disposto a tentar algo diferente, não deverá hesitar em consultar um outro profissional para uma segunda opinião.

Tratamentos

Existem vários tipos de terapias para o transtorno bipolar, e uma grande expectativa para novos tipos de tratamento, que ainda estão sendo investigadas. Como o Transtorno Bipolar pode exigir um tratamento mais trabalhoso, é altamente recomendável que o indivíduo procure um psiquiatra ou um clínico com experiência nesse tipo de doença. O tratamento geralmente inclui medicamentos conjugados com a terapia de apoio.

É fundamental que paciente relate ao terapeuta e ao clínico todos os sintomas. Deve relatar também os sintomas que ocorreram no passado, mesmo que estes não mais existam à época das consultas. Tendo em vista que a doença ocorre dentro da família, recomenda-se prestar especial atenção ao histórico familiar. É importante dizer ao profissional se na família há membros que experimentaram mudanças bruscas de humor, se já houve diagnósticos de problemas ligados ao transtorno do humor dentro da família, se já tiveram colapsos nervosos ou se submeteram a algum tipo de tratamento para combater o uso abusivo de álcool e drogas. Com um diagnóstico correto, o paciente e seu médico têm muito mais chances de encontrar a forma de tratamento ideal e o controle do problema.

(extraído e traduzido © 2005 Depression and Bipolar Support Alliance - tradução: M.Cardoso)

1 Comments:

  • At agosto 08, 2017 7:26 PM, Blogger mar said…

    tratável??? Não é tratável. É controlável mas não é tratável! sendo cuidadora de uma bipolar considero que o maior inimigo para a cura são mesmo os psiquiatras cheios de certezas. O lithium e outros medicamentos que tentam usar para os doentes serem controláveis causa apatia e insensibilidade, não é cura para nada!

     

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