Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia

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terça-feira

Transtorno da Personalidade Borderline (TPB)

O que é o Transtorno da Personalidade Borderline (TPB)?

Os terapeutas costumam recorrer ao “Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais” (DSM) para diagnosticar os distúrbios mentais. Foram destacados por eles nove traços que os borderlines parecem ter em comum. A presença de, no mínimo, quatro dessas características pode identificar um PB. Porém, devemos observar o seguinte:
  • Todas as pessoas podem apresentar esses traços até um certo limite. Principalmente os adolescentes. Essas características devem ser de longa duração (manifestar-se por anos) e persistentes. E também devem ser intensas.
  • É preciso um certo cuidado ao tentar diagnosticar terceiros ou a si próprio. O ideal é não fazê-lo. Os pesquisadores observam e orientam seus pacientes durante vários dias de testes, antes de emitirem um diagnóstico. Portanto: Não se auto-diagnostique com base em informações da Internet ou de literatura médica!
  • Muitos indivíduos com TB costumam apresentar também outros transtornos, como depressão, distúrbios alimentares, dependência química ou déficit de atenção. Pode não ser muito fácil distinguir entre o que é um BPD e o que pode ser algum outro distúrbio. Mais uma vez, insistimos em dizer que é preciso procurar um profissional qualificado para isto.

Definição de BPD, segundo o DSM IV:

Padrão dominante de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na auto-imagem, nos sentimentos e impulsividade marcante, que surge geralmente no início da idade adulta se manifesta dentro de diversos contextos, quando indicado por quatro (ou mais) dos itens seguintes:

1. Esforço exagerado para evitar uma situação de abandono real ou imaginário. Obs.: Não se inclui aqui o comportamento suicida ou de auto-flagelo descrito no item (5).

2. Padrão de relacionamentos interpessoais instável e intenso marcado por oscilações entre extremos de idealização e de depreciação - fenômeno conhecido como “splitting” (fragmentação).

Trancrevemos a seguir uma definição de “splitting”, extraída do livro I Hate You, Don't Leave Me, de Jerry Kreisman, M.D. , p.10, devidamente traduzida:

O mundo de um borderline, assim como o de uma criança, se divide entre heróis e vilões. Sendo emocionalmente infantil, o BP não consegue tolerar ambigüidades e inconsistências; não consegue conciliar qualidades boas ou más dentro de uma opinião constante e coerente sobre alguém. Dependendo do momento, uma determinada pessoa pode ser Deus ou o Diabo. Não há meios-termos; não há escala intermediária... as pessoas são idolatradas num dia, e totalmente desvalorizadas e descartadas no outro. Indivíduos normais podem ser ambivalentes e experimentar duas situações contraditórias a um só tempo; mas os borderlines oscilam para frente e para trás, sem a menor consciência do que sentem entre um e outro estado emocional.

Quando alguém que ele idealiza o desaponta (o que geralmente acontece, mais cedo ou mais tarde), o borderline tende a reformular drasticamente seus conceitos unidimensionais. Ou ele manda a pessoa para o inferno, banindo-a radicalmente de sua vida, ou se afasta completamente para poder preservar a imagem perfeita que construiu dela.

O “splitting” objetiva blindar o BP, protegendo-o de uma cadeia de emoções e imagens contraditórias e da ansiedade de tentar conciliar essas imagens. Porém, esse “splitting” geralmente acaba provocando o efeito contrário. As lutas internas na personalidade do BP acabam por fragmentá-lo ainda mais, e a noção de sua própria identidade e da identidade de terceiros começa a oscilar de forma mais dramática e freqüente.

3. Crise de identidade: instabilidade persistente e acentuada da auto-imagem ou da visão do Eu.

4. Impulsividade em pelo menos duas situações que sejam potencialmente auto-destrutivas (ex: gastos excessivos, sexo, uso de drogas, desatenção ao dirigir, compulsão alimentar). Obs.: Não se inclui aqui o comportamento suicida ou de auto-flagelo descrito no item (5)

5. Comportamento suicida, atitudes ou ameaças de auto-mutilação recorrentes.

6. Instabilidade emocional devido à acentuada reatividade no humor (ex: disforia episódica intensa ou ansiedade, geralmente com poucas horas de duração; raramente ultrapassando uns poucos dias) .

7. Crises crônicas de solidão.

8. Crises inadequadas e intensas de raiva ou dificuldade de controlar este sentimento (ex: mudanças freqüentes do humor, agressividade constante, agressões físicas recorrentes).

9. Ideação paranóide transitória, relacionada a estresse ou sintomas dissociativos severos.

A “dissociabilidade” é o estado em que, independente de seu grau, alguém passa a se distanciar da “realidade”, podendo ser exemplificada por situações como: viver num mundo de fantasias, executar tarefas sem se ater ao que faz (agindo de forma apressada ou automatizada), entre outras atitudes de desconexão. É o oposto da “sociabilidade” e geralmente envolve ausência de associação da identidade do indivíduo com o resto do mundo.

O BPD nunca é um distúrbio isolado; ele coexiste com outras doenças. Abaixo, listamos as mais comuns. O BPD pode coexistir com:

  • Transtorno de estresse pós-traumático
  • Transtornos do humor
  • Transtornos da ansiedade/pânico
  • Dependência química (54% dos BPs também apresentam problemas de dependência química)
  • Transtorno de identidade sexual
  • Transtorno do déficit de atenção
  • Transtornos alimentares
  • Transtorno obsessivo-compulsivo

Estatísticas sobre o BP

Os BPs compreendem:

  • 2% de toda a população
  • 10% dos pacientes externos com transtornos mentais
  • 20% dos pacientes internados na área de psiquiatria
  • 75% dos pacientes diagnosticados são mulheres

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Extraído e traduzido de:

http://www.bpdcentral.com/resources/basics/main.shtml

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