Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia

Artigos sobre Psicologia Cognitivo-Comportamental e Neuropsicologia. Dra. Fatima Cristina dos Santos Ferreira - Visite: www.cognitivocomportamental.com


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domingo

Estudo Revela Benefícios da Terapia Cognitivo-Comportamental na Reincidência de Transtorno Afetivo Bipolar

Recaídas e reincidências são freqüentes durante o curso natural do transtorno afetivo bipolar. Geralmente a farmacoterapia é utilizada para prevenir essas recaídas, mas um número significativo de pacientes não estão protegidos por esses medicamentos. Poucos experimentos avaliam o impacto que a psicoterapia pode exercer nesses casos. Alguns estudos recentes mostraram que, através da psicoterapia, os pacientes com transtorno afetivo bipolar podem reconhecer os sinais de alerta para suas recaídas. Esses sinais podem preceder a síndrome semanas antes de sua total instauração. Portanto, uma detecção e intervenção preventiva podem tornar os sintomas mais amenos. A Terapia Cognitivo-Comportamental é usada, de modo a direcionar as habilidades do paciente para cooperar com a o transtorno bipolar e conseguir obter um melhor controle sobre seus sintomas. Lam DH et al. conduziram uma experiência randômica controlada para estudar o efeito da terapia cognitivo-comportamental na prevenção de recaídas na promoção de interação social em pacientes com transtorno afetivo bipolar.

Foram selecionados pacientes adultos com transtorno bipolar para se submeterem, ou não, à terapia cognitivo-comportamental. Todos os participantes atendiam aos critérios do Manual de Estatística e Diagnóstico de Distúrbios Mentais (4ª ed.) para o transtorno bipolar e tinham recaídas constantes, independente do uso de medicamentos estabilizadores do humor. Os pacientes com fortes sintomas residuais ou os que vivenciavam quadros agudos do distúrbio foram excluídos do estudo.

Assim, os pacientes que se enquadravam nos critérios de inclusão foram escalados aleatoriamente ou no grupo de terapia cognitiva (51 pacientes) ou no grupo de controle (52 pacientes). Os pacientes do grupo de controle receberam tratamento psiquiátrico básico, incluindo o uso de estabilizadores do humor na dosagem recomendável e acompanhamento psiquiátrico em consultório. Os pacientes escalados para a terapia cognitivo-comportamental receberam o mesmo tratamento psiquiátrico básico, além da terapia cognitiva. A terapia cognitiva incluía de 12 a 18 sessões individuais nos primeiros seis meses e duas sessões de reforço nos outros seis meses e sua indicação era para a prevenção da reincidência. Todos os participantes foram avaliados com o uso de vários questionários padronizados a cada seis meses durante o estudo.

Os pacientes do grupo de terapia cognitiva apresentaram um número significativamente menor de episódios bipolares, de dias em crise de bipolaridade e de freqüência desses episódios, quando comparados ao grupo de controle. O grupo de terapia cognitiva também apresentou menos sintomas de desequilíbrio do humor e obteve um nível de desempenho social maior do que os dos pacientes do grupo de controle. Além disso, os pacientes que receberam terapia cognitiva lidaram melhor com os sintomas maníacos e tiveram menos oscilações desses sintomas.

Os autores concluíram que a terapia cognitivo-comportamental voltada especificamente para prevenir reincidências em pacientes com transtornos bipolares reduz significativamente os sintomas e melhorar o desempenho social. A terapia cognitiva também traz resultados positivos quando combinada com a farmacoterapia. Isto é particularmente observado em pacientes com recaídas freqüentes dos sintomas bipolares.

(Autor: KARL E. MILLER, M.D. - tradução: M. Cardoso - fonte: American Family Phisycian)

quarta-feira

Síndrome da Fadiga Crônica e Terapia Cognitivo-Comportamental

A síndrome da Fadiga Crônica (SFC) é um distúrbio que causa um intenso e permanente estado de fadiga no indivíduo, interferindo assim em suas atividades cotidianas. Esse tipo de fadiga não é comum, como o resultado de um grande esforço, nem desaparece com o repouso.

Os sintomas da SFC incluem: fadiga profunda, peturbação do sono, dificuldade para se concentrar ou pensar claramente, falhas de memória, febre, dores de cabeça, dores musculares e nas articulações, garganta irritada e gânglios discretos no pescoço e nas axilas. Atividades de rotina e esforços leves provocam grande cansaço e mal-estar, que geralmente duram mais de 24 horas.

São realizados exames médicos e testes de laboratório para tratar outras causas desse tipo de sintomas. Mas não há teste para identificar a SFC, ela só poderá ser diagnosticada pelo acompanhamento de todas as outras condições do paciente.

O tratamento dessa síndrome é focado na redução gradual da fadiga e dos outros sintomas, de modo a habilitar o indivíduo a agir normalmente e, aos poucos, retornar ao seu nível de atividade anterior. O tratamento fora de consultório também é muito importante para os casos da SFC. Dietas, exercícios físicos, dormir bem e nos horários normais geralmente podem ajudar a reduzir e controlar os sintomas. Boa parte dos que sofrem de SFC acham que, com a terapia, seus sintomas vão melhorando ao longo do tempo, permitindo-lhes retornar às suas atividades normais, dentro de um período de 1 a 2 anos.

Como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode auxiliar no tratamento da SFC?

Os indivíduos com Síndrome da Fadiga Crônica que contam com boas chances de melhora são aqueles que tentam permanecer sempre ativos e os que procuram uma forma de controle para o seu problema. Um terapeuta pode ajudar muito nesse sentido. Há pacientes que pensam que toda atividade que gera fadiga agrava o problema. Há pacientes que resistem em despender energia por achar que vai ter uma recaída. Há pacientes que se convencem de que nada nem ninguém poderá ajudá-lo. Muitas pessoas que sofrem da SFC se sentem desanimadas.

Um terapeuta cognitivo-comportamental pode ajudá-las efetivamente a trabalhar sua forma de pensar e de reagir aos problemas. Com o tratamento, o paciente pode aprender a se libertar de impressões e medos equivocados sobre a SFC, que acabam contribuindo para agravar sua prostração e seu desespero. Através da Terapia Cognitivo-Comportamental, é possível aprender como controlar e relaxar a mente e o corpo, promovendo assim bem-estar, clareza de raciocínio e melhor capacidade de decisão.

terça-feira

Quando associar medicamentos à Terapia Cognitivo-Comportamental?

Atualmente, a combinação de medicamentos anti-depressivos com sessões de Terapia Cognitivo-Comportamental é considerada como um dos tratamentos mais eficazes para a maioria dos casos clínicos de depressão.

A Terapia Cognitivo-Comportamental pode ser muito promissora ao ajudar o paciente a controlar seus pensamentos, ao invés de permitir que esses pensamentos lhe controlem. Oferece valiosas técnicas e práticas para fazer o paciente observar a sua maneira de pensar e começar a reeducá-la, dando-lhe condições, portanto, de interferir numa possível tendência para pensamentos negativos e erros de interpretação, o que agrava sempre o quadro de uma depressão.

A TCC é uma prática relativamente nova no combate à depressão, mas antigos filósofos, como Sócrates e Epíteto, já documentavam, há séculos atrás, os princípios em que ela se baseia. Como Epíteto afirmou: “Não são as coisas deste mundo que nos ferem, mas nosso pensamento em relação a elas”. E hoje sua visão se tornou amplamente aceita, no que se refere à saúde mental.

A forma de conduzir o pensamento é um fator muito importante na maior parte dos distúrbios da mente, sobretudo nos casos de depressão, pânico e TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). Independentemente da causa do distúrbio, pensar e avaliar o próprio distúrbio pode causar grande impacto sobre o problema, e, por conseqüência, sobre sua recuperação. Neste ponto, a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar os pacientes a lidar efetivamente com a depressão, ocasionando expressivas mudanças em suas vidas.

Para as pessoas que sofrem de depressão profunda, a associação de medicamentos à terapia pode ser o melhor caminho. É muito difícil conduzir uma terapia e disciplinar as ações do paciente quando este se encontra profundamente deprimido. Neste caso, a medicação pode aliviar seu estado depressivo, tornando-o mais apto a utilizar as práticas e as técnicas aprendidas na terapia e dela extrair o máximo de seus benefícios.

Uma pesquisa recente revela que para os quadros de depressão moderada, a Terapia Cognitivo-Comportamental, sem uso de medicamentos, é o tratamento mais adequado. O Royal Australian College of Psychiatry também declarou recentemente que a Terapia Cognitivo-Comportamental é o tratamento preferido para distúrbios generalizados de Ansiedade.

Hoje, a maioria dos psicólogos tem conhecimento e treinamento em Terapia Cognitivo-Comportamental. O paciente deve, portanto, verificar junto a esses psicólogos se eles têm experiência razoável na área, para discutir os benefícios potenciais que a TCC pode oferecer ao seu caso. Em contrapartida, poucos médicos e psiquiatras possuem treinamento em Terapia Cognitivo-Comportamental, mas eles poderão encaminhar o paciente a terapeutas de sua confiança e vice-versa. Em geral, os médicos e psiquiatras trabalham em parceria com um psicólogo ou com terapeutas especializados em Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento de seus clientes.

Uma importante vantagem da Terapia Cognitivo-Comportamental é oferecer práticas que podem ser utilizadas ao longo do tempo, ajudando assim o paciente a evitar recaídas e a aperfeiçoar sua saúde mental e bem-estar físico.

(artigo do Dr. Timothy Sharp – extraído de http://www.depressionet.com.au/ - tradução: Marcia C.)